ANTES DE QUALQUER TRATAMENTO
CONSULTE SEMPRE SEU MÉDICO
Causas de dor torácica cardíaca e as suas características principais:
- Angina do peito:
Os pacientes costumam perceber as crises de angina do peito como
uma pressão, aperto ou queimação, na região central do tórax. A dor também pode
atingir os ombros ou irradiar-se pela face interna dos membros superiores, costas,
pescoço, maxilar ou região superior do abdome. Muitos indivíduos descrevem a
sensação mais como um desconforto ou uma pressão, do que uma dor
propriamente dita. Tipicamente, a angina do peito é desencadeada pela atividade
física, dura alguns poucos minutos (3 a 15 minutos) e desaparece com o repouso
ou com o uso de nitratos (vasodilatadores coronarianos).
A dor da angina do peito não costuma piorar com a respiração ou
movimentação do tórax. O estresse emocional também pode desencadear ou piorar
as crises de angina do peito. A angina do peito poderá ser chamada de estável,
instável ou variante. A angina do peito estável é aquela que apresenta
sempre as mesmas características, ou seja, seu fator desencadeante, intensidade
e a sua duração, costumam ser sempre os mesmos.
Na angina do peito instável, o desconforto passa a ter uma maior frequência,
intensidade ou duração, muitas vezes, aparecendo ao repouso. A angina do peito
instável é uma emergência médica, pois poderá evoluir para um infarto do
miocárdio ou até mesmo, a morte.
A angina do peito variante, também chamada de angina de
Prinzmetal, é resultante de um espasmo da artéria coronária. Esse tipo de
angina do peito é chamada de variante por se caracterizar pela ocorrência de
dor com o indivíduo em repouso (geralmente à noite), não durante o esforço e,
por certas alterações eletrocardiográficas típicas.
- Infarto do miocárdio:
Embora o infarto do miocárdio possa ocorrer sem sintomas (infarto
do miocárdio silencioso), fato mais comum em idosos, cerca de 80% dos
casos de infarto do miocárdio sintomáticos, cursam com dor no peito.
Geralmente, a dor típica do infarto do miocárdio é um
desconforto torácico localizado na região central do peito, a qual pode
irradiar para as costas, mandíbula, membros superiores e dorso.
A dor ainda pode ocorrer apenas em uma ou várias dessas
localizações e não no peito. A dor de um infarto do miocárdio é semelhante
a dor da angina do peito, porém costuma ser mais prolongada e não é
aliviada pelo repouso e nem pelo uso de nitratos (vasodilatadores). Menos frequentemente,
a dor é localizada na parte superior do abdômen, podendo ser confundida com uma
indigestão, úlcera ou gastrite.
Durante um infarto do miocárdio, o indivíduo ainda pode apresentar
uma sudorese excessiva, palidez, náuseas e vômitos, agitação, tontura, desmaio,
ansiedade ou até uma sensação de morte iminente. Apesar de todos os sintomas
possíveis, um em cada cinco indivíduos que sofrem um infarto do miocárdio apresentam
apenas sintomas leves ou não apresentam sintomas. Esse infarto do miocárdio,
chamado de silencioso, poderá ser detectado algum tempo após a sua ocorrência,
através de um eletrocardiograma de rotina.
- Pericardite aguda:
Normalmente, a pericardite aguda provoca febre e dor torácica. A
dor pode ser semelhante à de um infarto do miocárdio, exceto pela sua tendência
a piorar na posição deitada, durante a tosse ou com a respiração profunda (caráter
ventilatório). A dor da pericardite aguda pode aliviar com a inclinação do
tórax para frente (posição de “prece maometana”). A pericardite aguda pode
levar a um derrame pleural (líquido na pleura), a qual pode
acarretar um tamponamento cardíaco, um distúrbio potencialmente letal.
- Dissecção aórtica aguda:
Teoricamente, todo o indivíduo que apresenta uma dissecção aórtica
aguda sente dor, a qual geralmente é de forte intensidade, com início
súbito e contínua. Mais comumente, os pacientes sentem uma dor torácica,
geralmente descrita como “dilacerante”. Também é frequente a dor na região
dorsal (parte posterior do tórax), entre as escápulas. Frequentemente, a dor
acompanha o trajeto da dissecção ao longo da aorta. Quando a dissecção avança,
poderá ocorrer uma obstrução de um ponto onde uma ou mais artérias que ligam-se
à aorta. Dependendo de quais artérias são bloqueadas após a dissecção aórtica aguda,
as consequências incluem um derrame cerebral, o infarto do miocárdio, insuficiência
renal, dor abdominal súbita, lesão nervosa com produção de formigamento e a
incapacidade de movimentar um membro. A síncope (desmaio) também poderá ser uma
manifestação inicial da dissecção aórtica aguda.
- Estenose da válvula aórtica:
Essa doença causa sintomas típicos de angina de peito. O indivíduo com
estenose aórtica grave pode desmaiar durante o esforço (síncope), pois a
válvula estenosada impede que o ventrículo bombeie sangue suficiente para o
cérebro e o restante do corpo. O diagnóstico da estenose aórtica, geralmente é
feito após a constatação de um sopro cardíaco característico (auscultado
através de um estetoscópio). Para a identificação da causa e determinação da
gravidade da estenose, um eco cardiograma (exame de imagem que utiliza
ondas ultrassom) deverá ser realizado. Qualquer adulto (principalmente idoso), que
apresente desmaios, sintomas de angina do peito e dificuldade respiratória ao
esforço provocados por uma estenose aórtica, é encaminhado para a substituição
cirúrgica da mesma.
Causas de dor torácica não-cardíaca e as suas características principais:
- Pneumonia e pneumotórax:
A pneumonia costuma cursar com febre, tosse com catarro e falta de ar (dispneia).
A dor torácica costuma ser ao repouso, localizada em uma parte lateral do tórax, piorando
com a tosse ou a respiração. A dor do pneumotórax, também costuma ser ao repouso,
piorar com a respiração e está associada a falta de ar.
-Tromboembolismo pulmonar (embolia pulmonar):
Costuma causar dor torácica ao repouso e que piora com a respiração. A
presença de dispneia, taquicardia e tosse com escarro de sangue (hemoptise),
são achados típicos. A presença de fatores predisponentes para trombose
venosa (formação de coágulos nas vias das pernas, que são principal causa
do troembolismo pulmonar), como o pós-operatório, doença maligna (câncer),
insuficiência cardíaca, entre outras, costumam estar presentes.
- Gastrite, esofagite e úlcera:
Essas doenças do aparelho digestivo, costumam causar azia (queimação na
boca do estômago), pirose (queimação no centro do tórax, no trajeto do esôfago),
dor de estômago, plenitude pós-prandial, náuseas e vômitos. O desconforto
costuma ser ao repouso e ter relação com alimentação ou ingesta de álcool. A
duração pode ser variável, podendo permanecer por horas. Nas doenças do
estômago (gastrite e úlcera) é comum a piora do sintoma com a palpação da
região da boca do estômago (epigástrio).
- Dor muscular:
Costuma ser lateralizada (num dos lados do tórax), ao repouso, duração prolongada,
piorando com a respiração, movimentação ou palpação do tórax. Pode haver antecedentes
de esforço muscular ou trauma.
- Dor óssea (Ex: fratura de costela):
Costuma ser localizada em um local restrito, ao repouso, prolongada,
piorando com a respiração, movimentação ou palpação do tórax. Pode haver
antecedentes de trauma e osteoporose (ossos frágeis).
- Costo-condrite (síndrome de Tietze):
Essa doença é uma inflamação da junção de uma costela com o osso esterno
(no centro do tórax). Causa uma dor torácica bem localizada em um ponto,
ao repouso, que costuma piorar com a respiração ou palpação do local.
- Herpes Zoster:
Essa doença é uma reativação do vírus da varicela, que causa uma
inflamação dos nervos do tórax (neurite). A dor é localizada no trajeto do nervo,
é do tipo queimação, ao repouso e de duração prolongada. A área afetada costuma
ser muito sensível ao toque da pele. Pode causar dúvidas no diagnóstico, no
período que antecede ao aparecimento de uma erupção com pequenas bolhas,
no trajeto do nervo, que são típicas da doença.
- Doenças da vesícula biliar:
A presença de pedras na vesícula (litíase biliar) ou inflamação da
vesícula (colecistite aguda), costuma cursar com dor na região do hipocôndrio
direito (logo baixo das últimas costelas do lado direito). A dor costuma ser ao
repouso, podendo ter relação com a alimentação (litíase biliar), cursar com
febre (colecistite aguda), náuseas, vômitos e falta de apetite (colecistite
aguda). A dor geralmente é do tipo cólica e costuma piorar com a palpação do
local (ponto cístico).
- Ansiedade:
A ansiedade é um sintoma que acompanha a maioria dos transtornos
psiquiátricos. Em geral, são sintomas que não se enquadram em uma doença específica,
muitas vezes acometendo pessoas de baixo risco para doença arterial
coronariana. A localização da dor no tórax é variável, a duração variável
(segundos a horas, muitas vezes intermitente, aparecendo e desaparecendo),
podendo haver piora com a respiração ou palpação do tórax. Um estresse
emocional como fator precipitante é um achado comum. No exame físico, não há
sinais indicativos de doença orgânica.
- Investigação dá dor torácica:
A base para o diagnóstico correto da causa da dor torácica, é o
exame clinico (história clínica e exame físico). Vários
exames complementares podem ser solicitados para a investigação,
como: exames de sangue (Ex: enzimas cardíacas), radiografia do tórax, eletrocardiograma,
teste de esforço, eco cardiograma, cineangiocoronariográfica e cateterismo cardíaco,
tomografia de tórax, angiotomografia da aorta e outros.